A Arquitetura da Convicção: Mapeando a Neurociência do Desempenho

Cresci observando alunos na escola de concursos dos meus pais. Com recursos semelhantes, os seus resultados eram drasticamente diferentes. A minha questão tornou-se: porquê? Esta tornou-se a minha principal questão: que fatores invisíveis determinavam o sucesso?

A faculdade de Psicologia deu-me a base teórica, mas para responder a essa pergunta, precisei de mais ferramentas. A partir de 2013, especializei-me em Coaching, Programação Neurolinguística (PNL), Hipnose com foco em memorização e Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), Orientação psicanalítica, entre outros. Comecei a atuar na área de imediato.

Os bons resultados vieram, mas a maior lição surgiu dos casos que não avançavam. Percebi que o sucesso não era apenas uma questão de técnica, mas sim de estrutura. Faltava-lhes a convicção.

A neurociência hoje confirma isto. A convicção (a crença na própria capacidade) não é apenas um sentimento. Ela afeta diretamente o funcionamento do nosso córtex pré-frontal, melhorando o foco executivo, e regula o sistema de recompensa (dopamina), essencial para a motivação e a persistência. A paixão pelo que se faz torna-se o combustível para a neuroplasticidade – a capacidade real do cérebro de se reorganizar para sustentar o esforço da disciplina.

A falta de convicção, por outro lado, cria um desalinhamento. Gera o “distress” (o stress negativo, como definido por Hans Selye), que, quando se torna crónico, leva à somatização, ao burnout e, como testemunhei na prática, a uma vida sem brilho.

O meu objetivo hoje é levar esta década de estudo e prática clínica para dentro das empresas. Porquê? Porque a cultura de uma empresa é uma “crença” coletiva. É um conjunto de convicções partilhadas.

O ambiente de trabalho nunca é neutro: ou ele acelera o desempenho, ou ele gera doença. A própria NR-01, ao focar-se nos riscos psicossociais, reconhece esta realidade. A neurociência social demonstra, através de mecanismos como os neurónios-espelho e o contágio emocional, que uma cultura coesa e convicta funciona como um fator de proteção e um promotor de saúde.

A ciência moderna converge com o trabalho de psicólogos como Viktor Frankl: o que realmente diferencia o desempenho extraordinário do medíocre é o propósito. Como Frankl mostrou, a “vontade de sentido” é um dos nossos maiores impulsionadores. Metas vazias e resultados sem propósito criam um vazio. O ser humano adoece sem um objetivo claro.

A minha missão é atuar exatamente nesse ponto: reavivar a cultura da sua empresa, realinhar metas com um propósito real e combater o adoecimento que nasce da falta de sentido no local onde passamos a maior parte das nossas vidas.

Juntos, podemos reestruturar a convicção que gera resultados extraordinários. Porque só temos este instante.

Por: Laura Savioli

Psicóloga Clínica e Terapeuta Integrativa com 13 anos de experiência, focada no desenvolvimento de habilidades e na otimização da Alta Performance. A sua prática integra diversas abordagens do desenvolvimento humano, sendo cientificamente alicerçada pela Pós-graduação em Neurociência e Alta Performance e pela especialização em NR-01. Com um vasto repertório de mais de 50 formações na área de desenvolvimento humano atua em múltiplas frentes, desde a clínica privada à realização de cursos e palestras.